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SaúdeHospital Emílio Ribas na linha de frente contra a covid-19

Primeiro hospital a lotar por causa da doença luta para manter pacientes respirando

Pacientes que chegam ao pronto-socorro do Hospital Emílio Ribas passam pela triagem antes do atendimento. Dependendo do caso, poderão ser orientados para voltar para casa, serem transferidos ou seguirem para a enfermaria, que também recebe pessoas vindas de outras unidades de saúde.
Mesmo os pacientes que estão na enfermaria, menos graves, chegam no Emílio Ribas com uma série de debilitações por causa da dificuldade de respirar.
No passado, no Emílio Ribas, os nutricionistas sentavam ao lado do paciente, os entrevistavam e definiam a dieta. Agora, dada a facilidade da propagação da doença, a equipe evita entrar nos quartos e escolhe o cardápio com base nos prontuários.
A chefe da nutrição clínica do hospital, Miriam Barcha Schlesinger, afirma que "às vezes, conseguimos ligar para o paciente e tirar alguma dúvida". Nutricionistas também evitam entrar nos quartos para econimizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) do hospital.
A falta de ar traz um dilema. De um lado, há a necessidade dos respiradores, vitais para ajudar o corpo a receber oxigênio e fazer as trocas de gases que mantém o organismo funcionando. De outro, se forem usados durante muito tempo, enfraquecem a musculatura do tórax. Por isso, os pacientes também precisam de fisioterapia.
Os funcionários estão trabalhando mais. Têm mais funções, mais gente para cuidar. Se dizem exaustos, mas gostam de trabalhar ali. Antes, eram 12 os leitos de UTI. "Aqui não falta EPI, temos como nos proteger. É diferente do que está acontecendo na rede municipal", relata a enfermeira Flávia Santos, de 43 anos.
Parte da razão de o Emílio ter lotado tão rápido é a pouca quantidade de vagas. Eram 30 leitos de UTI até a semana passada. Agora, são 40. Antes da crise eram apenas 12. O hospital passa por reforma desde 2013, o que reduzia a capacidade de atendimento. Há um mês, dois dos nove andares estavam fechados.
O Emílio Ribas é uma instituição centenária (existe desde 1880) que sempre recebeu pacientes de doenças infecciosas. Tratou varíola, gripe espanhola, meningite, Aids. É o lugar do Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo que serve de barreira para doenças que podem se espalhar.
Isolados e sozinhos, os pacientes não têm contato com o mundo de fora. "Cada paciente recebe em média 20 visitas diárias", disse um médico do hospital. São visitas para medicação, alimentação e higiene. Os enfermeiros entram em grupos, tanto para otimizar o trabalho, que é pensado antes da entrada no quarto, quanto para economizar os EPIs.
Nem sequer os pacientes na enfermaria recebem visitas sob os atuais protocolos do Emílio Ribas. O contato é feito por intermédio dos médicos. Até a semana passada, os familiares tinham de se dirigir ao hospital para receber informações.

Editor Executivo Multimídia
Fabio Sales

Edição de Fotografia
Serjão Carvalho

Editor Assistente Multimídia
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Designer Multimídia
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Tiago Queiroz

Reportagem
Bruno Ribeiro