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LinkJohn Romero: o pai dos games modernos
Americano criou os primeiros jogos de tiro em primeira pessoa, idealizou a indústria de motores gráficos e abriu portas para cultura de modificações (mods)
51 anos de idade e quatro décadas dedicadas a criar jogos – entre eles, alguns dos maiores games da história, como Doom, Quake e Wolfenstein 3D. Este é John Romero, um dos principais convidados da Brasil Game Show em 2019
Criar grandes jogos, porém, não é o único motivo para que Romero seja lembrado: sem ele e os irmãos John e Adrian Carmack, a indústria de games nunca teria sido a mesma
Ao lado do amigo John Carmack, Romero fez o primeiro jogo de tiro em primeira pessoa da história, Wolfenstein 3D, de 1992. A história era simples: um judeu matando nazistas pra escapar, em meio à Segunda Guerra Mundial
No ano seguinte, veio Doom, em que o objetivo era matar alienígenas em Marte. Os dois jogos (e também Quake, de 1996), estabeleceram as bases de um dos gêneros mais populares da atualidade. Call of Duty que o diga
Para fazer um bom jogo de tiro, é preciso uma coisa só: dar satisfação ao jogador quando ele atira em algo. E para isso, é preciso ter certeza que há um desafio e consequências se ele não atirar direito. É uma questão cerebral
John Romero
GAME DESIGNER
Mas para quem acha que Romero faz apologia à violência, vale dizer: ele é contra a posse de armas e acha que elas devem ficar restritas aos videogames. “Acredito que ninguém deveria ter armas”, disse ele ao Estado
Romero também foi o primeiro a fazer um motor gráfico para um jogo – uma espécie de “chassi” de um videogame, sobre o qual é possível montar e detalhar os recursos do game. Foi para Commander Keen, em 1991
Nos anos 1990, não era assim. Para se criar um jogo, era preciso escrever código para cada pixel presente na tela. Era difícil até reaproveitar materiais de jogos antigos. Até que Romero e seus colegas criaram o motor gráfico – uma única base a ser usada por vários títulos
Ao longo de 1991, fizemos mais de dez jogos. Estávamos sempre fazendo dois jogos ao mesmo tempo. Sem o motor gráfico, não teríamos conseguido fazer os três primeiros Commander Keen nem os outros jogos daquele ano.
John Romero
GAME DESIGNER
Hoje, motores gráficos são uma indústria de bilhões, dominadas por nomes como Unreal e Unity. Além disso, sem eles seria muito difícil que existisse a cena de games independentes, que tem oxigenado a indústria
Com Doom, de 1993, e Quake, de 1996, Romero também foi responsável por uma terceira revolução: a cultura da modificação. Na época, ele liberou o código dos games que criou para que os fãs criassem suas próprias fases
Foi uma febre: segundo Romero, hoje existem dezenas de milhares de fases de Doom disponíveis pelo mundo, bem como versões em 4K do game. E a ideia dos mods também mudou a indústria: o clássico Counter-Strike, por exemplo, era um mod de outro jogo de tiro, Half-Life
Há uma razão para isso: é mais fácil aprimorar algo do que criar do zero. Acontece até hoje na indústria: Player Unknown’s Battlegrounds, que gerou a onda dos games battle royale, nasceu como um mod de um jogo de zumbis
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