'
'

NOIR FUTURISTASão Paulo
no clima
‘Blade Runner’

Fotojornalista Tiago Queiroz homenageia o clássico filme de 1982, com ensaio fotográfico noturno pelas ruas de São Paulo

A trama do filme, uma ficção “noir-futurística”, de 37 anos, se passa em Los Angeles, em novembro de 2019. Apesar das cidades diferentes, o fotógrafo paulistano foi em busca de referências do filme pela São Paulo atual
O filme se passa em um futuro distópico e acompanha as aventuras de Rick Deckard, interpretado por Harrison Ford, como o “caçador de androides”
Rodado com uma atmosfera noir e futurista, chuva constante e ruas repletas de neon, o filme tornou-se objeto de culto para cinéfilos de diversas gerações e se tornou referência estética nas últimas décadas
Com uma trama simples, a caça de androides por um detetive misterioso, o filme acaba por discutir questões filosóficas, como religião, morte e existencialismo. Até robôs podem sofrer
Em meio a trama, o detetive Rick Deckard (Harrison Ford) se apaixona por Rachael (Sean Young), uma das replicantes que precisam ser eliminadas pelo sistema. É um dilema que o acompanha pelo resto do filme
As cenas urbanas, sempre em ambiente noturno, com gente indo e vindo por ruas lotadas e iluminadas pelas cores frias dos neons, exibe cicatrizes comuns a grandes metrópoles do passado e do futuro
A busca pela sobrevivência, prazer, satisfação e dignidade é inerente em homens e replicantes na Los Angeles futurista. Existe diferença para os homens de carne e osso da São Paulo de hoje?
Algumas previsões do filme não se concretizaram, como carros voadores, mas com um pouco de imaginação podemos encontrá-los nas cidades atuais, como o avião avistado em uma noite fria na Vila Olímpia
É célebre o monólogo de Roy (Rutger Hauer), o líder dos replicantes rebelados, citando galáxias e planetas distantes. A sensação de estranhamento é presente quando avistamos o Anhangabaú em obras
As ruas, tanto na ficção como na realidade, apesar de seus problemas e contradições, são repletas de poesia, como bem nos lembra o grafite pelo centro de São Paulo
Tanto a Los Angeles futurista quanto a São Paulo atual possuem uma arquitetura repleta de camadas, formando uma amálgama de diversas escolas e propósitos arquitetônicos
As multidões são presentes no filme, mas a sensação de solidão é latente, como vemos no caminhar solitário de um paulistano ao fim de mais um dia de trabalho, nas escadarias históricas do Viaduto do Chá
Mas se há algo em que o filme acertou em cheio é na desigualdade social, cada vez mais exposta nas grandes metrópoles nacionais e internacionais, sem distinção

Editor Executivo Multimídia
Fabio Sales

Editora de Infografia Multimídia
Regina Elisabeth Silva

Editor Assistente Multimídia
Adriano Araujo

Ensaio fotográfico
Tiago Queiroz