Imagens por Juliano Cury

Imagens por Juliano Cury

Publicado em 24 de março de 2019

Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel

Luciana Garbin

Base polonesa, vizinha da estação brasileira

Navio Polar Almirante Maximiano

Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel

Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel

Cargueiro Hércules C-130 da FAB, partindo de Punta Arenas, Chile

Navio Polar Almirante Maximiano

Glaciar Ecology

Você está sobrevoando a Ilha Rei George, na Antártida
Aqui, a 3.200 km do território nacional, o Brasil construiu sua nova base
É a nova Estação Antártica Comandante Ferraz, inaugurada em 15 de janeiro de 2020
Em 2012, a antiga base brasileira no continente gelado foi praticamente arruinada pelo fogo
O incidente, consequência de um vazamento de combustível, causou a morte de dois militares e destruiu 70% das instalações
US$ 99,6 milhões foram investidos na estação, voltada principalmente a cientistas e militares
Ela foi projetada para suportar solos congelados, abalos sísmicos e ventos de até 200 km/h
O Estadão foi conhecer a estação e as pessoas que moram e trabalham nela
A repórter Luciana Garbin e o fotógrafo Clayton de Souza passaram 12 dias no continente mais inóspito do planeta
Para chegarem lá, eles tiveram de cruzar todo o sul do continente americano
Agora eles vão te
contar o que viram

Expedição Antártida

Nossa primeira visão da nova estação antártica brasileira foi a partir da vigia deste navio
Enquanto nos aproximávamos, operários da empresa chinesa Ceiec ainda trabalhavam
A companhia ganhou uma concorrência internacional para construir a base
Os contêineres coloridos que cercam a base são provisórios e serão levados de volta à China de navio
Durante a obra, serviram para guardar materiais, ferramentas e até para abrigar operários
Antes de ser inaugurada, a estação passou por testes hidráulicos, elétricos e de automação e segurança

Não existe lugar mais caro para construir e manter que a Antártida

Cristina Engel

Arquiteta

Por causa do frio intenso, o canteiro de obras precisou ser adaptado
Fortes estruturas mantêm a estação elevada para que o gelo possa se acumular no inverno
Operários e visitantes usam óculos especiais que protegem contra a luz intensa e a radiação solar
A nova Estação Comandante Ferraz é considerada uma das bases mais modernas da Antártida
Por interesses geopolíticos e científicos, outros 28 países mantêm programas de pesquisa continuada no continente gelado
Anualmente, a Marinha seleciona um grupo de militares para ficar de novembro a novembro na Antártida
Em 2019, estes foram os 16 militares brasileiros que passaram o inverno lá
Eles foram chefiados pelo capitão de fragata Francisco Luiz de Souza Filho
Aos 45 anos, ele passou seu segundo inverno na Antártida. O primeiro foi entre novembro de 2010 e o fim de 2011

Eu conhecia os dois militares que morreram no incêndio da estação. Um deles passou o inverno comigo

Francisco Luiz Filho

Capitão

Dois navios polares da Marinha do Brasil dão apoio logístico à estação
Este é o mais antigo. Chamado de “Gigante Vermelho”, o Navio Ary Rongel foi comprado da Noruega em 1994
Foi ele que nos trouxe de um aeródromo na base chilena até a estação brasileira
O mais novo é o Almirante Maximiano, carinhosamente apelidado de “Tio Max”
Comprado dos Estados Unidos em 2008, ele concentra 40% das pesquisas brasileiras na região
Ambos navegam por águas às vezes perigosas para transportar cientistas e militares
Localizada entre a América do Sul e a Antártida, a Passagem de Drake é conhecida como “o mar mais perigoso do mundo”
As terras ao redor não
são menos inóspitas
A vegetação da Antártida se restringe basicamente a musgos e liquens
Entre os animais, um dos destaques é a grande quantidade de lobos marinhos
Aves como albatrozes
E, claro, os simpáticos pinguins
A natureza extrema dessa região fica evidente na Ilha Deception, a 152 km da base brasileira
A ilha é, na verdade, a cratera de um vulcão submerso e ainda ativo
Lá, cinzas escuras cobrem gigantescas geleiras brancas
A água quente que corre nas margens da cratera faz nuvens de vapor subirem do solo
Do alto, as formas
e cores impressionam
Mesmo ali, há marcas da presença humana. Estes são os restos de uma antiga base britânica
Décadas antes de ser ocupado pelos ingleses, o local sediou uma empresa dedicada à caça de baleias
Hoje, lembra uma
cidade-fantasma
Por muito tempo, os caçadores de animais marinhos foram os maiores frequentadores da região
O ápice da indústria baleeira foi entre as últimas décadas do século 19 e as primeiras do século 20
Os ossos de animais, porém, não são a única marca da ação humana destrutiva na região
Uma das questões mais estudadas hoje é qual será a resposta do gelo antártico às variações do clima
O arquipélago onde fica a estação brasileira é um dos lugares do continente que mais têm derretido
Este processo é acompanhado de perto por profissionais que atuam na região, como o alpinista Nelson Barretta
Ele foi contratado pela Secretaria da Comissão Interministerial para Recursos do Mar para apoiar pesquisas

Diariamente sou bombardeado por informações científicas que me geram um sentimento, uma dor no estômago

Nelson Barretta

Alpinista

As mudanças ambientais que ocorrem aqui se refletem no clima da América do Sul
Tais alterações podem afetar a circulação de massas na atmosfera e comprometer, por exemplo, plantações no Brasil
Aprender mais sobre a relação entre o continente gelado e o resto do mundo


Esta é uma das missões dos brasileiros que trabalham no extremo sul do planeta

Expedição Antártida

Reportagem: Luciana Garbin
Fotografia: Clayton de Souza
Ilustração 3D: Jonatan Sarmento
Roteiro Visual: Rodrigo Menegat
Edição de vídeo: Augusto Conconi
Design: Bruno Ponceano & Vinicius Sueiro
Desenvolvimento: Vinicius Sueiro
Editor Executivo de Arte: Fabio Sales

Conteúdo independente, sem influência editorial do patrocinador