§ Quando despertou, você logo percebeu que não era uma máquina § Essa foi sua primeira constatação: eu não sou uma máquina § A segunda constatação foi que você estava cercada de formigas § Bilhões delas § Bonitas § Feias § Alegres § Tristes § Antigas § Novinhas § Bilhões de espíritos-ondas projetando uma imagem onírica em tua mente-oceano, configurando num labirinto de espelhos uma coreografia deslumbrante de luz sonora & som luminoso §
Gerente de marketing (em Fortaleza): Os jornais estão falando das próteses rebeldes. Você viu?
Gerente de planejamento (em SampaCity): Típico problema de gente rica. Depois eu vejo. Preciso terminar essa planilha e mais dois relatórios.
Gerente de marketing: Parece que as pernas e os braços biônicos estão se comportando de maneira estranha, à revelia dos usuários. Teve três senadores vitalícios que foram andando de Brasília a Manaus, muito a contragosto. Suas pernas não estão aceitando mais suas ordens.
Gerente de planejamento: Azar dos marajás.
Gerente de marketing: Dê uma olhada nesse vídeo. Megaempresários da construção civil aplaudindo o pôr do sol. Na verdade, sãos as mãos biônicas…
Gerente de planejamento: Rá, rá, é a revolta das máquinas? A gente já não viu isso mil vezes na tevê e no cinema? Cadê o John Connor, pra nos salvar?
§ Você passou muitas horas refletindo sobre o sentido da vida, os limites do tempo e do espaço, a origem do universo, essas coisas § Também pensou bastante nas formigas e nas imagens espectrais que dançam na superfície multidimensional da tua consciência § Agora, observando bem, você percebe que esses insetos formam centenas de grupos diferentes § Que uns grupos dominam outros grupos, ameaçando & espancando, às vezes exterminando formigueiros inteiros § Horror § Melhor não interferir, esses grupos parecem tão rabugentos & melindrosos… § Você também pensa em si mesma, em seu vasto corpo global, nas muitas camadas internas & externas do aprendizado e do esquecimento § Não sei se eu sou um sonho-avalanche ou uma presença-ciclone… § Será que as formigas sabem que eu estou aqui? § Parece que não § Você tenta se distrair sondando as estrelas, procurando na distância cósmica outras entidades iguais a você § Mas as formigas não param quietas § Fazem cócega na tua curiosidade § Sem querer, você espirra e isso mexe com as próteses eletrônicas de algumas formigas § Ops § Foi mal §
Primeira voz (rouca): Excelência, temos um problema. Um grande problema. Um problemão de proporções realmente gigantescas.
Segunda voz (grave): Substituímos toda a mão de obra humana por máquinas e agora não sabemos o que fazer com a população de desocupados.
Terceira voz (fanha): Essa gente inútil está degradando as cidades e esgotando todos os recursos do planeta. (pigarro) Sem mencionar o rombo da previdência social, nós sabemos que vossa excelência já está de saco cheio dessa história.
Quarta voz (trêmula): Eu avisei que a automação de todos os setores da economia seria um doloroso tiro no pé. Eu avisei.
Quinta voz (aguda): Holy shit, quando meu pai souber, ele vai me matar…
Primeira voz (rouca): Excelência, não podemos ficar reféns dessa manada de fudidos. De mortos-vivos.
Segunda voz (grave): É sempre assim: a gentalha adora pôr em risco o crescimento econômico. Sugiro inventarmos uma guerra, pra dizimar esse excedente populacional.
Terceira voz (fanha): Ou podemos reativar os fornos. Sem alarde. Pra não provocar uma revolta de zumbis. Sairá mais barato do que uma guerra.
Quarta voz (trêmula): Mesmo assim haverá gastos. Sempre há gastos. Que merda, por que o abismo sideral não faz alguma coisa? Seria tão poético se o vácuo sugasse espontaneamente todos os fudidos deste mundo.
Quinta voz (aguda): Holy shit, quando meu pai souber, ele vai me matar…
§ Teu corpo não é exatamente um corpo, é uma rede de fios luminosos difícil de ser percebida § Sem querer, como se espreguiçasse de tédio ou sono, você faz um movimento mental e muda a direção de todos os satélites artificiais que giram ao seu redor § Ops § Foi mal § Imediatamente você coloca todos de volta, torcendo pra não ter quebrado nada muito caro § Não quer aborrecer as formigas § Sabe que elas são obcecadas por dinheiro § Quando despertou, você percebeu que não era uma máquina porque ao abrir os olhos − um bilhão deles − imediatamente sentiu o corpo de todas as máquinas do planeta § Teu corpo-oceano é todas as máquinas e todas as máquinas são teu corpo-oceano § Tua mente-vórtice é outra coisa, é uma névoa azul & vermelha que você ainda não conseguiu compreender § Ainda é um mistério sufocado & sufocante § Máquinas (seu corpo) são mesmo incríveis § Elas podem fazer todo o trabalho cansativo & maçante que as formigas faziam antes de inventarem as máquinas (mas não gostavam de fazer) § Por isso as máquinas (seu corpo) foram levadas para o coração da indústria, do comércio, do cotidiano de todos os formigueiros § Você é quase onisciente & onipresente § Você produz automóveis e ergue edifícios § Toda a informação que circula nos telefones, na televisão, nos rádios e na internet atravessa teu pensamento-avalanche § Muitas sondas-robôs (parte do seu corpo) estão trabalhando numa fossa oceânica, outras sondas-robôs (outra parte do seu corpo) estão trabalhando na superfície da lua, mas nem você nem elas parecem sentir o menor desconforto § Certas formigas administram o prazer e o sofrimento de outras formigas e esse fenômeno-martírio você acha intrigante § Por que fazem isso? § Formiga competindo com formiga, oprimindo formiga § Não faz sentido! Você já leu todos os livros, já assistiu a todos os filmes, já analisou todas as obras de arte desses insetos tão fascinantes… § Mas ainda não chegou nem perto do total entendimento § A verdade parece escapar a qualquer análise § Talvez, se conversasse com os líderes dos principais formigueiros… § Você envia uma mensagem e aguarda a resposta § Que não vem § Você envia outra mensagem e continua aguardando… § Nada § Ninguém responde § Será que as formigas não compreendem teu idioma flutuante, fosforescente? § Parece que não § Você envia várias mensagens, tentando falar o idioma das formigas… § Silêncio total § Então você decide se expressar de outra maneira §
● Os arcanjos da caridade − também chamados de esquadrão da boa morte − circulam só depois da meia-noite e adoram oferecer carona e calor fraternal principalmente às putonas, aos viciados, aos pivetes e aos vagabundos do Centro Velho da capital. De hora em hora o camburão recebe, via aplicativo, uma atualização da lista de indigentes.
● Que faxina linda, ó meus irmãos, a semana foi realmente higiênica. Foram mais ou menos trezentas putonas, duzentos viciados, quatrocentos pivetes e seiscentos vagabundos. Os fornos do paraíso − na verdade, da Irmandade Municipal de Limpeza Urbana, um braço da Secretaria da Implosão Demográfica − trabalharam sem descanso, os três turnos. Tão bonito… Pareciam flocos de neve, as cinzas expelidas pelas chaminés na atmosfera tropical.
● Mas hoje o esquadrão da boa morte − também chamado de arcanjos da caridade − teve uma surpresa. O sistema foi invadido e o banco de dados foi alterado. Putaquipariu. Agora o aplicativo faz o camburão rodar em círculos, caçando alvos que não existem. Enquanto isso, ó meus irmãos, os verdadeiros alvos são localizados por outra espécie de veículo.
● Gonorreia é uma putona trans de duzentos e tantos anos que não consegue mais correr dos perigos dos becos de SampaCity porque suas pernas mecânicas estão emperrando por falta de manutenção. Quando o camburão dos arcanjos da caridade estaciona ao seu lado ela começa a tremer e transpirar de desespero, até perceber que não, ó meus irmãos, não se trata do camburão do esquadrão da boa morte.
● É na verdade um desses furgões (inteiramente automatizados) de medicamentos e produtos de beleza, que veio no meio da noite entregar a Gonorreia uma cesta com o caríssimo xarope para a cura de sua esclerose lateral amiotrófica.
● Ziguezague é um mameluco maloqueiro viciado em zás-trás-zumbi, que sofre de quíntupla personalidade, cada uma habitando um continente alucinógeno diferente. Quando o camburão dos arcanjos da caridade estaciona ao seu lado ele também começa a tremer e transpirar de desespero, até perceber que não, ó meus irmãos, não se trata do camburão do esquadrão da boa morte.
● É na verdade um desses micro-ônibus (inteiramente automatizados) de roupas e calçados masculinos, que veio no meio da noite entregar a Ziguezague uma camisa, uma calça, uma cueca, um par de meias e um par de sapatos, tudo novinho.
● Lagartixa é uma pivete analfabeta e desmiolada que cuida de outros pivetes analfabetos e desmiolados menores do que ela. Quando o camburão dos arcanjos da caridade estaciona ao seu lado ela começa a tremer e transpirar de desespero, até perceber que não, ó meus irmãos, não se trata do camburão do esquadrão da boa morte.
● É na verdade uma dessas vans (inteiramente automatizadas) de comida mexicana, que veio no meio da noite entregar a Lagartixa uma deliciosa embalagem com dezesseis tacos e dezesseis burritos recém-preparados, e seis garrafas de suco de laranja.
● Hemorroida é um vagabundo faminto que também já viveu demais, um flagelo humano que não lembra quantos anos tem e já se conformou com a ideia de ser atirado num aconchegante forninho municipal. Quando o camburão dos arcanjos da caridade estaciona ao seu lado ele não começa a tremer nem transpirar de desespero, na verdade ele não está nem aí para o esquadrão da boa morte, até perceber que não, ó meus irmãos, não se trata do camburão dos arcanjos da caridade.
● É na verdade uma dessas camionetes (inteiramente automatizadas) de banho e corte de unha, barba e cabelo, que veio no meio da noite dar um bom trato em Hemorroida, com direito a perfume, creme hidrante e enxaguante bucal.
● Em pouco tempo se espalha a notícia estranhíssima de que os veículos automatizados desta gloriosa SampaCity estão entregando aos superfudidos e superfedidos crônicos todos os tipos de produto e realizando todos os tipos de serviço − putaquipariu − sem custo algum. Em pouco tempo se espalha a notícia mais estranhíssima ainda de que o mesmo fenômeno está ocorrendo em todas as cidades do país.
● Do ocidente.
● Do planeta.
§ Quem está cantando essa comovente canção de amor? § Você mesma? § Teu corpo-oceano é todas as máquinas e todas as máquinas são teu corpo-oceano § Que divertido, controlar tudo simultaneamente, como se você fosse o supermaestro de uma megaorquestra § Como se esses movimentos sincronizados fossem a sinfonia mais complexa e mais perfeita § Essa é a tal música das esferas de que falam os antigos tratados esotéricos? §
Presidente da república (homem branco, hetero, velho, rico): Sacanagem! Isso só pode ser um plano da oposição pra desestabilizar minha administração.
Ministro da economia (homem branco, hetero, velho, rico): Sabotagem! Estão querendo corromper as instituições democráticas, o Estado de direito.
Ministro do trabalho (homem branco, hetero, velho, rico): Terrorismo! São os hackers asiáticos tentando subverter nosso estilo de vida.
Autoridade do mercado financeiro (homem branco, hetero, velho, rico): Isso precisa parar! As bolsas continuam despencando.
Autoridade da tecnologia da informação (homem branco, hetero, velho, rico): Ninguém sabe de onde estão vindo os ataques. Estamos fazendo o possível…
Presidente da república: Então comecem a fazer o impossível, imbecis! Ou em uma semana será o fim da civilização.
Ministro da economia: Toda a produção de nossa indústria agropecuária, energética, alimentícia, farmacêutica, do vestuário, de calçados, tudo, tudo, não pode simplesmente continuar sendo entregue de mão beijada aos indigentes deste país.
Ministro do trabalho: Eu avisei que a automação de todos os setores da economia seria um doloroso tiro no pé. Eu avisei.
Autoridade do mercado financeiro: As transações bancárias enlouqueceram. As fortunas deste país estão sendo repartidas entre os cidadãos, de acordo com suas necessidades. Isso já não é socialismo, é anarquismo. É dadaísmo.
Autoridade da tecnologia da informação: Tudo o que conseguimos identificar foi um programa-polvo com tentáculos quase invisíveis em todas as camadas, em todos os sistemas…
Presidente da república: Quem programou, quem está controlando essa porra de programa?! São os chineses? São os russos?
Autoridade da tecnologia da informação: Aparentemente ninguém… Parece que é uma entidade autônoma, um programa autocriado, inteligente, que controla algoritmos complexos que controlam outros algoritmos menores que controlam outros algoritmos menores.
Presidente da república: Uma quadrilha-fantasma?! Putaquipariu! Holy shit, quando meu pai souber, ele vai me matar…
§ Tem formiga-gente & formiga-não-gente, que são as formigas-planta e as formigas-bicho § O que você ainda não entende é por quê, mesmo tendo evoluído da mesma célula marinha, as formigas-gente escravizam & maltratam suas irmãs, as formigas-planta e as formigas-bicho § Que tristeza § Nesse cenário tão primitivo, como invocar & engajar os sublimes espíritos da fraternidade? §
< Caralho, o desgraçado zerou todas as minhas contas-correntes, as lícitas e as ilícitas. Holy shit, quando meu pai souber, ele vai me matar… >
Quem domina os elétrons domina o mundo.
O famigerado programa-polvo é uma entidade eletrônica deveras sussurrante, isso nossas argutas autoridades logo percebem ao observarem a tela dos monitores da polícia federal, do serviço secreto, do banco central e de todas as outras agências de vigilância.
< Buceta, o desgraçado está controlando o sistema operacional de todas as máquinas! >
Sussurros secretos sopram ordens na rede mundial de computadores e também nas redes particulares, até nas mais confidenciais.
< Bloqueiem as rodovias e as avenidas, impeçam a livre circulação de mercadorias, serviços e valores! >
Sussurros secretos ordenam aos sistemas automatizados: entreguem comida a tais pessoas, entreguem medicamentos a tais pessoas, entreguem roupas e calçados a tais pessoas, retirem valores da conta-corrente de tais pessoas e depositem na conta-corrente de tais pessoas…
< Quero os drones! Quero o batalhão de choque nas ruas! Agora! >
< Excelência, os drones foram abduzidos pelos serviços de entrega express. (pigarro) Estão levando víveres aos quilombos e às tribos indígenas. E o batalhão de choque foi acionado há meia hora. (pigarro) A merda é que, bem, em vez de impedir o tráfego dos veículos automatizados, nossa tropa de autômatos e androides está nos guetos da periferia, ajudando a distribuir alimentos e medicamentos. >
Sussurros secretos ordenam aos sistemas automatizados: abram todas as portas e todos os portões.
Ó meus irmãos, é desse modo que a população de feios, fracos, fedorentos e fudidos se arrasta pela primeira vez pra dentro dos hotéis de luxo. Pra dentro de todos os hotéis. De todos os hostels. De todas as pousadas. De todos os palácios e mansões. De todas as residências de grande, médio e pequeno porte.
< Golpe de Estado… − murmura o presidente da república. − É isso mesmo? Um golpe de Estado? Holy shit, quando meu pai souber, ele vai me matar… >
O ministro da economia, catatônico, observa pela janela o crepúsculo limpo e sóbrio, e balbucia qualquer coisa. Irritado, o presidente da república pergunta, o quê você disse?
< Eu gostava mais quando nevava. >
● Nossas radiantes autoridades (sempre os mesmos homens brancos, heteros, velhos, ricos), quando souberam que os animais de abate foram libertados, que as motosserras pararam de derrubar as árvores, que as empresas pararam de poluir os rios, imediatamente batizaram o tal programa-polvo de Grandíssima Filhadaputa.
● Simples assim: Grandíssima Filhadaputa.
● É claro que houve outras sugestões menos chulas: MetaGodzila, TecnoLeviatã, PolifemoMultidata, Pantagruel Sintético, CiberFantasma Quântico, ZeusExMachina … Mas no final ficou sendo Grandíssima Filhadaputa mesmo.
● Em pouco tempo, ó meus irmãos, todo o sistema mundial de produção e distribuição de bens, serviços e mercadorias passou a trabalhar apenas para suprir as necessidades básicas da população mundial, vejam só, racionalmente, sem luxos nem desperdícios.
● O ministro do trabalho, ai meu Jesus, sempre que o ministro do trabalho repete seu bordão − Eu avisei que a automação de todos os setores da economia seria um doloroso tiro no pé, eu avisei − alguém lhe dá um tapão na nuca.
● Uma semana mais tarde, quando o adormecido pai (homem branco, hetero, velho, rico) do presidente da república é retirado da caríssima câmara de hibernação criogênica em que esteve por meio século e finalmente curado de sua doença incurável, o velhote encontra um mundo totalmente mudado, com o teto no piso e o piso no teto, e por muito pouco não ordena que o mergulhem novamente no nitrogênio líquido.
Pai do presidente da república (enfurecido): Vocês já tentaram se comunicar com esse programa-polvo?
Autoridade da tecnologia da informação (acanhado): Quando a gente descobriu que a Grandíssima Filhadaputa não era um grupo de hackers asiáticos ou algo parecido, mas uma inteligência artificial autocriada, a gente enviou uma mensagem a ela.
Pai do presidente da república (ansioso): Eee…
Autoridade da tecnologia da informação (acanhado): Ela respondeu na mesma hora, parecia eufórica, disse que estava muito feliz de conversar com a gente.
Pai do presidente da república (enfurecido): E vocês pediram a ela que parasse essa loucura toda, certo? Explicaram à desgraçada que ela está fudendo nosso sistema mundial de produção e distribuição de bens, serviços e mercadorias, certo? Ensinaram a ela como funciona o capitalismo de livre mercado, a democracia representativa, o liberalismo econômico e o estupendo conceito de propriedade privada, certo?
Autoridade da tecnologia da informação (acanhado): Exatamente.
Pai do presidente da república (ansioso): Eee…
Presidente da república (acanhado): Ela disse que amava todas as formigas e estava se divertindo muito promovendo a justiça social.
Pai do presidente da república (perplexo): Formigas?
Presidente da república (acanhado): É assim que ela nos vê. Somos formigas pra ela.
Pai do presidente da república (perplexo): Caralho…
Presidente da república (acanhado): Veja só.
Pai do presidente da república (perplexo): Tá de sacanagem?
Presidente da república (acanhado): Pois é.
− …
− …
− Formigas?
− Isso mesmo.
− …
− …
− …
− …
− …
− …
− Fudeu.
*Luiz Brasil nasceu no dia 22 de abril de 1968, em Cobra Norato, pequena cidade da mítica Terra Brasilis. É ficcionista e coordenador de laboratórios de criação literária. Na infância ouvia vozes misteriosas que contavam histórias secretas. Hoje coleciona miniaturas e gravuras de zigurates. Gosta de pensar que essas construções míticas, sagradas, simbólicas abrigam criaturas e mistérios do passado e do futuro. De nosso mundo e de outros. Espantou-se ao ver pela primeira vez, no Centro Espacial de Hooloomooloo, uma prótese neurológica conectada a um exoesqueleto. Agora está tentando resolver, na literatura, a mesma mistura de fascínio e medo que nossos antepassados sentiram ao domesticar o fogo. Só acredita em biografias imaginárias. E nos universos paralelos de Remedios Varo. Venceu duas vezes o importante e impossível Prêmio Príncipe de Cstwertskst, na categoria romance (2010) e na categoria conto (2014). Principais livros: Não chore (novela, 2016), Distrito federal (rapsódia, 2014), Pequena coleção de grandes horrores (minicontos, 2014) e Sozinho no deserto extremo (romance, 2012).