Direto ao ponto

09:05 Produtores temem pela morte das bananas

18:11 Minha Vó Tá Certa? Banana evita cãibra?

22:00 Manja do Assunto: Molejo cria música especial caso as bananas acabem

25:21 Ajuda Aqui! Relação de parasitismo entre espécies

26:41 Prêmio IgNobel: Coeficiente de fricção entre sapato, casca de banana e o chão

A morte das bananas

(som de “bip”)

Mariana Hallal: É a única fruta que ele come. Guilherme, tu gosta de banana?
Guilherme Bianchini: Gosto muito.
M: Gosta de banana?
G: É, bastante.
M: Porque você é um bananão! (risos)
G: Que horrível, cara. Muito ruim. Que deselegante.

(VINHETA: Trilha sonora acompanhada de locução: “Você está ouvindo Choque da Uva, a ciência no cotidiano!”)

G: A banana é a fruta mais popular do mundo.  Dá para fazer quase tudo com ela. 
M: Bolo, vitamina, tem gente que come com feijão. E ela já inspirou marchinhas de carnaval e personagens de desenho infantil. 

(Entra áudio da música tema de “Bananas de Pijamas”)
Bananas / De pijamas / Descendo as escadas / Bananas / de pijamas

G: Além de deliciosa, a banana tem vários benefícios para a saúde e pode ser usada para melhorar o funcionamento do nosso organismo. A fruta ajuda na digestão, regula o intestino e previne problemas de prisão de ventre. 
M: E para quem é muito nervoso, a banana é rica em vitamina B, o que ajuda a acalmar.  E aí vai outra dica: comer uma banana entre as refeições combate o cansaço porque a fruta mantém os níveis de açúcar no sangue. 
G: A banana é tão presente na nossa vida que a gente nem pensa em uma hipótese: e se ela acabasse? 

(Som de suspense)

M: Um fungo conhecido como Fusarium TR4, ou Mal do Panamá, que destrói plantações, vem atacando justamente as bananas.  Ele já apareceu na Ásia, na Oceania, na África e, em junho deste ano, chegou à Colômbia. O medo dos produtores brasileiros é de que ele chegue por aqui.  
G: No episódio de hoje, vamos entender um pouco mais sobre como esse fungo está afetando a nossa fruta favorita. E também o que está sendo feito para evitar que ele cause estragos no Brasil.  Eu sou Guilherme Bianchini. 
M: E eu sou Mariana Hallal. 
G: E este é o Choque da Uva, mas o assunto de hoje é banana. 

(Áudio da introdução da música “Chiquita Bacana”, de Dennis DJ)

M: Não se sabe ao certo onde foi que a banana surgiu.  A hipótese mais aceita pelos cientistas é de que a fruta é originária do sul da China. Mas o certo é que as bananas chegaram ao Brasil muito antes de Cabral. 
G: Reza a lenda que, quando os portugueses chegaram por aqui, logo se depararam com nativos comendo a fruta. A banana se popularizou tanto que começou a ser usada até como apelido.  

(Áudio de Caio Ribeiro no programa “Bem, Amigos”)
Caio Ribeiro: São onze e meia, então acho que eu já posso usar desse palavreado. Cês me desculpem, mas ele pipocou. Ele é um bananão.

G: “Vocês me desculpem, mas ele pipocou. Ele foi um bananão”.
M: (risos). 
G: Tem até aquela expressão pejorativa: República das Bananas.   
M: O jornal britânico The Guardian usou o termo para se referir ao Brasil em 2016, no ano das Olimpíadas. Mas vocês sabem de onde isso surgiu?  
G: A gente também não sabia. Mas nós conversamos com o professor Luis Ortega, da Universidade de Santiago do Chile, para esclarecer essa situação. Ele, que é historiador com foco em América Latina, não concorda com o uso desse termo para se referir ao Brasil. 
M: A República das Bananas apareceu pela primeira vez em 1904, num livro chamado Anchuria. Nessa época, multinacionais dos Estados Unidos faziam plantações de bananas em série em vários países da América Central. Esses lugares ficaram conhecidos por serem Repúblicas de Bananas, porque dependiam da fruta como fonte de renda. 
G: E o professor reforça que a expressão serve para países monocultores. Ou para aqueles que dependem economicamente da exportação de poucos produtos. O Brasil não se encaixa em nada disso. E ainda exporta bens industriais de alta complexidade. Então, definitivamente, não é o caso. 
M: E seguindo com o momento palestrinha: foi daí que se criou o conceito de economia de enclave. Com o passar do tempo, o termo República das Bananas passou a ser usado para fazer referência a esses países monocultores, que, em geral, tinham instituições políticas fracas e corruptas. 
G: Mas tem uma coisa que é indiscutível: a gente produz muita banana por aqui.

(Entra trecho da música “Yes, nós temos bananas”, de Ney Matogrosso)
Yes, nós temos bananas / Bananas para dar e vender / Banana menina / Tem vitamina / Banana engorda e faz crescer / Yes, nós temos bananas

G: Em 2019, o Brasil produziu já produziu mais de sete milhões de toneladas de bananas.  
M: É banana para caramba.
G: Nós somos o quarto maior produtor da fruta no mundo, perdendo só para Índia, China e Filipinas.  Mas só 5% do que a gente produz é exportado, e esse pouco vai para países vizinhos, como Argentina, Paraguai e Uruguai.  O restante vai todo para nosso mercado interno. Por ano, o brasileiro médio come 25 quilos da fruta.  
M: A maioria é vendida in natura mesmo, mas parte da banana vira produtos como banana chips, banana passa, farinha de banana…  
G: Bala de banana…  
M: E São Paulo é o Estado que mais produz banana no Brasil, especialmente na região do Vale do Ribeira.  
G: Já deu para perceber que a fruta tem grande importância econômica e cultural para a gente. Mas e então, e se a gente não tivesse mais banana? 

(Entra trecho da música “Yes, nós temos bananas”, de Ney Matogrosso)
Somos da crise / Se ela vier / Banana para quem quiser / Yes, nós temos bananas

M: Os pesquisadores dizem que é praticamente impossível a bananeira ser extinta. O que pode acontecer é uma diminuição muito grande na produção das variedades da fruta que a gente conhece hoje e a popularização de novos tipos. 
G: Isso já aconteceu nos anos 1930 e a culpa foi do mesmo fungo Fusarium, mas da raça número 1. Nós conversamos com o Sávio Marinho, que é engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais e bananicultor. 
M: Ele explicou para a gente o que aconteceu depois da chegada da raça 1 do Mal do Panamá no Brasil. Ouça aí:

Sávio Marinho: A raça 1 do Fusarium chegou à América no finalzinho do século 19, começo do século 20. Num período de 50 a 60 anos, ela praticamente exterminou a variedade de banana Gros Michel, que na ocasião era a principal variedade do comércio de exportação mundial. Durante toda a primeira metade do século 20, as grandes empresas produtoras de banana na Costa Rica, no Equador, em Honduras, no Panamá, empresas americanas, tentaram uma forma de combater a fusariose na variedade Gros Michel. Aplicação de produtos, inundação, deixar o terreno em pousio. E elas não conseguiram. Por fim, desistiram de procurar remédio para fusariose na Gros Michel e substituíram a Gros Michel pelas variedades do grupo Cavendish, também conhecidas como caturra ou nanica.

(Entra trecho da música “Banana Real”, do Chiclete com Banana)
Plantei bananeira no meu quintal / Lá da Martinica, banana real / Banana nanica pro dia crescer / Na terra da prata, meu ouro é você

G: A banana que comemos hoje não é a mesma de 50 anos atrás. A Gros Michel era o principal tipo de banana para exportação nos anos 1930.  Como a maioria de nós nem sonhava em nascer naquela época, a gente vai explicar para vocês como era essa banana. A gente pesquisou aqui e descobriu que ela tinha cor atrativa, era longa, fina e de excelente sabor.  
M: Depois de ser praticamente extinta, ela foi substituída por variedades mais resistentes, como as bananas prata e nanica. Juntas, elas respondem por mais de 90% da produção total de bananas. O Sávio contou para a gente que a substituição das bananas foi essencial para controlar o fungo, mas não foi um processo fácil.

Sávio Marinho: Os métodos de controle das enfermidades, das doenças das plantas, envolvem aplicação de produtos, algicidas, bactericidas, inseticidas. E o melhor método, mais recomendado, sempre que possível, é o uso de variedades resistentes. As variedades resistentes, por definição, não são suscetíveis a doenças. Mas nem sempre existem variedades resistentes a determinado tipo de doença. Ou, às vezes, o mercado não aceita aquela variedade que é resistente. Quando acaba aquela mais desejada, o consumidor tem de passar a consumir a próxima, não tão desejada. E com o passar do tempo, as novas gerações, que nem chegaram a experimentar as antigas, vão continuar comendo as novas variedades.

G: Uma das principais medidas para a contenção de uma nova doença em cultivos é a rápida identificação. Os bananais do País convivem há décadas com a raça 1 do Fusarium, que afeta principalmente as bananas dos tipos maçã e prata.  
M: O grupo prata é menos suscetível e é possível continuar produzindo esse tipo. Já a banana maçã e a Gros Michel são mais sensíveis e destruídas mais rapidamente.

Sávio Marinho: O Fusarium tem quatro variedades: 1, 2, 3 e 4. Já convivemos com as raças 1 e 2 há bastante tempo. O problema, agora, é o surgimento da raça 4, que estava restrita à Ásia, ao Oriente Médio e a uma parte da África. Se ela chegar ao Brasil, pode fazer um estrago bem maior do que as raças que já existem aqui. E ela chegou na Colômbia. Por isso, a gente tem de fazer bastante esforço para que não chegue ao Brasil. O estrago que ela pode causar é bem maior do que o feito pelas raças 1 e 2.

G: A possibilidade de o fungo chegar aqui no Brasil está deixando os bananicultores muito preocupados. A gente conversou com a Eliane Miller, que produz banana na cidade de Corupá, lá em Santa Catarina. 
M: A família dela cultiva a fruta há 40 anos. E ela nos contou como está o clima entre os agricultores.

Eliane Miller: A bananicultura é uma cultura muito dinâmica e é cultivada em todo mundo. Ao longo dos anos, nós, agricultores, já vínhamos acompanhando a dispersão do TR4, ou do Mal do Paraná raça 4, em todo o mundo. Agora nos preocupa um pouco mais porque já atravessou o continente e está muito próximo do Brasil. Quando falamos em Brasil, em 2005 enfrentamos a chegada do fungo de folha que ataca a folha da bananeira, chamado sigatoka negra. Mas, devido à tecnologia que existia e aos produtos registrados para a cultura, hoje convivemos com esse fungo de folha. Para o TR4 não existe solução. O que existem são pesquisas a fim de desenvolver variedades resistentes, mas que ainda vão levar algum tempo para ser descobertas e para ser disseminadas no mundo bananeiro. Caso entre o TR4 no Brasil, com certeza os bananicultores brasileiros vão sofrer muito. E o que esperamos é o apoio do governo federal, do governo estadual e dos governos municipais na conscientização das pessoas e nas barreiras fitossanitárias em portos, aeroportos, estradas, com a finalidade de tentar conter a entrada desse fungo no Brasil e até mesmo a dispersão dele.

(Entra áudio da música “Bananeira” de Bebel Gilberto)
Bananeira não sei / Bananeira será / Bananeira sei não / A maneira de ver / Bananeira não sei / Bananeira será / Bananeira sei não / Isso é lá com você

M: A Eliane pode ficar um pouco mais tranquila porque tem bastante gente trabalhando para retardar ou até mesmo evitar a entrada dessa praga aqui no Brasil.  A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, tem uma estação quarentenária de germoplasma vegetal.  
G: E para que ela serve?  
M: Essa estação fica em Brasília e faz a análise fitossanitária de materiais que chegam ao País para pesquisa.
G: Fito o quê?
M: A defesa fitossanitária é o conjunto de medidas adotadas pela agricultura para evitar a propagação de pragas e de doenças.  É desse jeito que são identificadas as pragas que vêm de fora.
G: Quem explica melhor como funciona essa estação é a Denise Ferreira, pesquisadora de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa.

Denise Ferreira: As pragas que identificamos na estação quarentenária de germoplasma vegetal da Embrapa são identificadas por meios morfológicos e também moleculares, e essas pragas podem ser as mais variadas possíveis. Desde sementes de plantas daninhas, de ácaros, insetos, bactérias, vírus, nematóides, qualquer organismo que possa afetar a sanidade das plantas.

M: O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Mapa, inspeciona as sementes e as mudas que chegam aos portos e aos aeroportos do Brasil.  E você sabia que tem uma legislação específica para isso? O Mapa estabeleceu mecanismos para o controle da produção e comercialização com a Lei nº 10.711, de 2003. Mas, mesmo com essa fiscalização, algumas pragas quarentenárias devastam as lavouras.  
G: Em 2013, a Helicoverpa armigera chegou ao Brasil.  Ela é conhecida como lagarta do velho mundo porque está presente na região sul da Europa, na China, na Índia e, mais recentemente, na Austrália.  A lagarta afetou as lavouras de milho, soja e algodão, principalmente na Bahia.  
M: Outra praga que tem nome difícil e vem preocupando os produtores de coco do Nordeste é o Aceria guerreronis. A Denise Ferreira também contou para a gente como esse ácaro tem afetado as plantações. 

Denise: Tem um ácaro que era quarentenário. Foi introduzido nas Américas e no Caribe em  2004. No Brasil, a gente detectou ele no Norte do País, em Roraima. Ele causa sérios prejuízos ao coqueiro. Em alguns países do Caribe, em Trinidad e Tobago, existe uma estimativa de redução da produção em até 70%. Há cerca de quatro anos, esse ácaro, apesar de ser controlado pelo Ministério da Agricultura, na tentativa de que não se dispersasse da região Norte do Brasil, foi introduzido em São Paulo, e depois já no Nordeste. Tem uns dois anos que ele está no Nordeste, e as populações são altíssimas. Seguramente, vai causar perdas na produção de coco, também um pouco de banana, mas ainda não temos estimativa.

(Entra áudio da música “Banana”, de Anitta e Becky G)
You got the chocolate / That yum, yum, come gimme some / Cotton candy, sweet as gold / It’s soft like a sugar plum / Roll up that Tootsie, that Hershey, that bubblegum / I got a sweet tooth for love, baby gimme some

M: Agora que você já sabe como funciona o controle das pragas no Brasil e o que acontece quando uma variedade da fruta é dizimada, falta entender uma coisa: como que o fungo saiu do sul da China e veio parar aqui na América do Sul? 
G: Quem ajuda a gente nessa missão é o Fernando Haddad.  

(Som de disco arranhando)

M: Quem???
G: Calma, calma.
M: (risos).
G: Não é aquele que foi o candidato à Presidência. Este Fernando Haddad é pesquisador de mandioca e de fruticultura da Embrapa, e também especialista em bananas.
M: Imagina esse cara na época das eleições…

Fernando Haddad: Ele é um fungo disperso, principalmente, por propágulos vegetais da bananeira infectados, isso a curtas e longas distâncias. Também é disperso através de solo. Quando o solo é carregado de um local para o outro, o fungo vai aderido a esse solo e contamina bananais onde não havia a presença do patógeno. Qualquer maquinário agrícola que esteja trabalhando numa região infectada e vá para outra região com solo aderido no equipamento vai transportar o fungo. Também há uma eficiente dispersão através de água. Ele pode ser disperso de maneira eficiente através da água de irrigação, e também pelo escoamento de água depois de chuvas e ao longo de rios.

M: Da terra, o fungo penetra na bananeira pelos tecidos xilema. Se você não se lembra das aulas de biologia, é pelo xilema que circula a seiva bruta, que é a água com sais minerais dissolvidos. O fungo impede o transporte dessa seiva, deixando as partes aéreas da planta sem nutrientes. É isso que leva à morte das bananeiras.  
G: Apesar de ser uma praga muito perigosa para as plantas, o pesquisador Fernando Haddad nos tranquiliza.

Fernando Haddad: Vale, realmente, ressaltar que os frutos da bananeira não são afetados pelo fungo. Ou seja, não tem problema no consumo de bananas produzidas de plantas que tenham a presença do fungo em seu tecido. Não há problema nenhum em termos de saúde humana. Então, pode ficar sossegado, pode continuar comendo banana. 

M: Agora dá para ficar um pouco mais tranquilo porque já sabemos que nem todas as bananas vão acabar e que esse fungo não traz nenhum risco para os humanos.  
G: Mariana, tem uma coisa sobre a banana que sempre me deixou curioso: já percebeu que ela não tem semente nem caroço?  Eu pedi ao Fernando para explicar para a gente por que isso acontece.

Fernando Haddad: A banana é um fruto produzido partenocarpicamente…

(VINHETA: Som de disco voltando, seguido de narração: “Momento Faraday!”)

Fernando Haddad: Um fruto produzido de maneira partenocárpica quer dizer que o fruto foi produzido de forma natural ou induzido sem que houvesse fecundação. Ou seja, não há formação de sementes.

(Entra áudio da música “Banana, cantada por Virgínia Lane)
Banana não tem / Caroço não tem / E passa em qualquer pescoço, meu bem / Além de outras coisas mais / Uma banana só já satisfaz / Banana não tem / Caroço não tem / E passa em qualquer pescoço, meu bem / Além de outras coisas mais / Uma banana só já satisfaz

(Entra a trilha sonora do quadro “Minha Vó tá Certa?”)

G: Mariana, já ouviu falar que banana é bom para acabar com a cãibra? 
M: Sim, meu avô come banana todos os dias por causa disso.
G: Mas será que isso é verdade mesmo?
M: Não sei, mas tem outra coisa que lembrei aqui, que uma amiga me contou: a avó dela diz que comer banana antes de dormir faz mal para a saúde.  
G: Isso aí está com cara de “caô”.
M: Para ver se essas e outras crenças populares sobre a fruta são verdadeiras, o repórter Bruno Nomura conversou com a nutricionista e doutora em química de alimentos Francine Albernaz.
G: É a hora do quadro Minha Vó Tá Certa?.

Bruno Nomura (repórter): Vamos lá, Francine. É verdade que a banana combate a cãibra?

Francine Albernaz: Em termos. A cãibra é uma contração involuntária. Então, pode ser por deficiência de alguns nutrientes. Mas também pode ser de um exercício, de uma atividade executada de forma intensa. Na banana existe um nutriente, principalmente um mineral, que é o potássio, que ajuda na prevenção das cãibras. Mas o ideal é equilibrar os principais minerais, que são alimentos com cálcio, com sódio, com potássio e com magnésio.

Bruno Nomura: E sobre duas bananas equivalerem a um bife, é verdade?

Francine Albernaz : Não. Porque o tipo de proteína é diferente. O que temos no bife são proteínas de alto valor biológico, que é onde temos os aminoácidos essenciais, necessários no dia a dia. Já na banana, a gente tem o conteúdo desses minerais e os carboidratos. A balança da composição nutricional de uma banana não fecha a de origem animal, que seria o bife. É o que a gente encontra numa proteína de alto valor biológico, uma concentração de ferro, que é um mineral biodisponível. Não existe essa equivalência da banana em relação ao bife.

Bruno Nomura: Tem gente que diz que não pode comer banana à noite. É verdade?

Francine Albernaz : A banana tem carboidratos e é um carboidrato de alto índice glicêmico. Então, é sempre indicado colocar alguma preparação, com fatias de banana ou leite enriquecido com banana, ou leite com iogurte, pelo menos 30 minutos antes de alguma atividade física. A gente faz essa indicação porque a glicose vai estar mais disponível para prática do exercício físico. Depende, também, da quantidade que você vai fazer antes de dormir. De repente você vai comer dez unidades antes de dormir. Isso não é interessante. Mas se, de repente, faz um jantar e, de sobremesa, quer cortar uma banana em rodelas, não tem problema. É muito melhor do que comer um pacote de biscoito. Não vejo problemas. A gente só faz essa indicação: melhor 30 minutos antes de uma atividade física ou 30 minutos antes de um trabalho intenso do dia a dia. É o que seria mais indicado.

Bruno Nomura: Francine, confere que as bananas são radioativas?

Francine Albernaz : Alguns alimentos têm esse processo de radiação, de tecnologia de alimentos, que é um tipo de conservação. Para o amadurecimento acontecer de uma forma menos acelerada. Então, ele acaba inativando alguns hormônios das próprias frutas e aí o amadurecimento acontece de uma forma mais devagar, aumentando a vida de prateleira. Mas o fabricante que utilizar esse tipo de tecnologia tem de colocar no rótulo do alimento, que é uma forma de passar a informação para o consumidor.

Bruno Nomura: Ou seja, pode ser que a banana que a gente consome tenha radiação. Mas não chega a ser em um nível que traga riscos à saúde.

Francine Albernaz : Sim. Se não está informando no rótulo, é porque a dose que foi colocada naquele alimento, inserida naquela tecnologia, não é uma dose que seja significativa.

Bruno Nomura: Obrigado, Francine, pela entrevista. Um abraço!

(VINHETA: Trilha sonora acompanhada de locução: “Manja do assunto!”)

(Entra trecho da música “Banana Dulce”, do grupo Molejo)
Los brasileños le gustan / Banana /  Banana verde / Banana / Banana madura / Banana / Banana para el moço

M: E para continuar esse nosso papo sobre banana, a gente convidou uma banda que sabe tudo sobre isso.  
G: Eles que são maiores e melhores que os Beatles, e homenagearam a nossa fruta favorita em uma verdadeira pérola do nosso pagode. 
M: A repórter Larissa Gaspar entrevistou o pessoal do Molejo e traz os melhores momentos para a gente.

(Som de chamada de Skype)

Larissa Gaspar: Oi, Guilherme! Oi, Mariana! Estou aqui com o pessoal do Molejão no Skype, e eles conseguiram um tempinho para conversar com a gente e responder algumas perguntas. E aí, Anderson, conta para a gente: como surgiu a música Sweet Banana? Ela é muito pedida nos shows?

Anderson: Essa música eu havia aprendido quando morei no México. E aí, quando chegamos aqui na Abolição, tocávamos na banda Estrela Negra eu, Andrezinho e Jimmy Batera, sempre no Sambola. Essa música coincidiu de ter vindo, também, na época da lambada, que estava muito forte no Brasil. A gente cantava sempre no show, com aquela nossa versão que todo mundo conhece, que é no nosso portunhol. Anos depois, resolvemos inseri-la no nosso CD Polivalência, que, se não me engano, é nosso sexto CD. De 2000 ou 2001. No show, a galera pede sempre a música, embora a gente não tenha fixa no repertório. É ou não é, Molejão?

Resto dos integrantes da banda: É!

Larissa Gaspar: E aí, pessoal do Molejão. Vocês gostam de banana?

Anderson: Ah, com certeza. Engorda e faz crescer, não é isso, Andrezinho?

Andrezinho: Vitamina de banana, banana na churrasqueira.

Anderson: Banana com Neston, Andrezinho. Lembra?

Andrezinho: Banana com Neston, banana com aveia.

Jimmy Batera: Banana com arroz e feijão, a melhor coisa.

Andrezinho: Banana com arroz e feijão. Banana com Nutella.

Anderson: Banana com Nutella. Mas aí já é mais novo. Bolo de banana, pizza de banana. Banana com canela também.

Andrezinho: Anderson, uma coisa que tu gosta: banana caramelada com sorvete de creme.

Anderson: Banana caramelada com sorvete de creme. Quer dizer, para todos nós. Todos nós gostamos de banana.

Andrezinho: Banana flambada.

Anderson: Hm, Dezinho. Dá até vontade.

Larissa Gaspar: E para finalizar, então, vamos supor um cenário em que as bananas realmente acabassem. Pessoal do Molejão, que fruta vocês colocariam na música?

Anderson: Se fosse outra fruta, seria: 

Molejo: Los brasileños le chupan / La manga / La manga verde / La manga / La manga madura / La manga / La manga la cúcaros / La manga / La manga para hacer la manga (risos).

Anderson: Manga! Para dar o swing. Chupa essa manga que é doce! (risos).

Larissa Gaspar: Grupo Molejo, muito obrigada por falar com o pessoal do Choque da Uva!

Anderson: Valeu, Larissa!

M: Muito obrigada por esse momento, Larissa! E obrigada, também, ao pessoal do Molejão!

(VINHETA: Trilha sonora acompanhada de locução: “Ajuda aqui!”)

G: E se você está naquela época maravilhosa de pré-vestibular, fica ligado porque questões relacionadas à banana e aos fungos podem aparecer.  
M: A gente chamou o professor Hermes Medela, do Elite Rede de Ensino, para dar uma forcinha para vocês. 

Hermes Medela: Olá, ouvintes! Aqui é o professor Hermes Medela, de Biologia, do Elite Rede de Ensino, e estou aqui para falar sobre a invasão das bananeiras pelo fungo Fusarium TR4, ou seja, raça tropical tipo 4, e como essa invasão pode ser abordada em provas de concurso. Em termos ecológicos, podemos destacar a atividade decompositora do fungo, transformando a matéria orgânica em inorgânica, água e sais minerais, bem como a relação desarmônica entre as espécies. Uma relação de parasitismo onde o fungo é beneficiado enquanto a bananeira é prejudicada. Além disso, podemos destacar a dificuldade que as bananeiras têm para combater o fungo devido à sua baixa variabilidade genética. Então, se o fungo ataca uma bananeira de um bananal, provavelmente todas as bananeiras serão afetadas. E essa baixa variabilidade genética é por conta de não produzirem sementes e se propagarem assexuadamente. Grande abraço a todos e até a próxima!

M: Para fechar o programa de hoje, a premiação mais inusitada da ciência mundial.

(VINHETA: Trilha sonora acompanhada de locução: “Com vocês, Prêmio IgNobel!”)

(Transição de trilha sonora)

G: Tem IgNobel falando até de física e de banana. Para quem não nos acompanha desde o primeiro episódio, o IgNobel é aquele prêmio entregue às pesquisas mais excêntricas do ano. São várias categorias.
M: Em 2014, o prêmio de Física foi para quatro pesquisadores japoneses. Eles decidiram calcular o coeficiente de fricção entre a sola de um sapato, uma casca de banana e o chão.  Para isso, eles mediram simultaneamente a força vertical e a força de atrito entre a casca e o piso.  
G: Isso aí é só para quem prestou atenção naquelas aulas de Física.  
M: Eles chegaram ao valor de 0,07, o que é menor que o valor de materiais comuns e semelhante ao de superfícies bem lubrificadas.  Eles observaram no microscópio e a teoria principal é que a banana possui um gel folicular de polissacarídeos, uma substância que ajuda a ter esse efeito lubrificante. 
G: Então, essa história aí de escorregar na casca de banana não é só coisa de desenho animado, não. Tomem cuidado. 

(Trilha sonora de encerramento do podcast Choque da Uva)

G: E este foi o Choque da Uva, o novo podcast de ciência que explica tudo o que você está a fim de saber.  
M: Ah, mas antes de encerrar, a gente tem um pedido para vocês.  Nós procuramos, durante a produção deste episódio, por que chamamos os outros de banana, mas não achamos.
G: Então, se você sabe o motivo ou tem alguma teoria, conta para a gente nas redes sociais.  É só procurar @choquedauvapod no Twitter, no Instagram e no Facebook. 
M: Eu sou Mariana Hallal.  
G: E eu sou Guilherme Bianchini. 
M: O roteiro deste episódio é meu, Mariana Hallal.  
G: Meu, Guilherme Bianchini.
M: E da Bárbara Rubira, que também fez a edição. 
G: A produção contou com Bruno Nomura, Isaac de Oliveira, Larissa Gaspar, Milena Teixeira e Samuel Costa.  
M: A gente espera vocês no próximo episódio. Até lá!  
G: Tchau, tchau!

(Encerramento da trilha sonora)