Maya Gabeira é uma das mais renomadas surfistas de ondas gigantes, ou big riders, do mundo. Detentora de vários títulos e recordes, a carioca de 31 anos é um ícone dos esportes radicais no Brasil. Mariana Rocha, de 16, é amante do surfe e faz aulas na Academia Kakolu, nas praias de Santos. A convite do Estado, as duas conversaram por WhatsApp sobre a realidade do surfe feminino, a rotina de treinamentos e os desafios das ondas gigantes.
“Às vezes me sinto intimidada na água por estar sempre com homens”, diz Maya, que realizou a façanha de pegar a maior onda surfada por uma mulher. O feito lhe rendeu indicação para o Guinness Book, o livro dos recordes, e foi alcançado em janeiro deste ano, na cidade portuguesa de Nazaré, famoso reduto do surfe mundial. A crista marcava 20,8 metros de altura e consagrou a carioca, que soma 15 anos de dedicação ao esporte, em uma história marcada por sucesso e superação.
No bate-papo, ela fala sobre a volta aos mares após um o acidente sofrido em 2013, também em Nazaré, quando ficou inconsciente e teve de ser resgatada de jet ski. “Fiz muita fisioterapia e demorou bastante. O tempo e a dedicação foram o segredo.”
Moradora de Santos, no litoral paulista, Mariana aproveita as folgas nos estudos para pegar suas ondas nas praias da região. Ela busca condições cada vez melhores para a prática do surfe entre as mulheres. Na conversa com Maya, Mariana aborda a sexualização das surfistas e a diferença de tratamento entre o surfe masculino e o feminino. “Muitos entendem o surfe feminino como uma coisa estética por conta da publicidade, ainda mais quando vemos fotos de surfistas com toda a questão da forma física da mulher.”
Além da questão de gênero, a veterana e a iniciante falaram sobre o interesse pelo esporte, as peculiaridades das ondas gigantes e a conquista da confiança em prol de um bom desempenho. Confira: