O mercado de trabalho está em constante transformação. Mas a mudança que se desenha com a 4ª Revolução Industrial é radical. O Instituto McKinsey prevê que, até 2030, metade das atividades de trabalho pode ser automatizada no mundo. No Brasil, onde há atualmente 13 milhões de desempregados, a pesquisa estima que outros quase 16 milhões de empregos podem ser perdidos nos próximos dez anos. Esse número representa 14% da atual força de trabalho do País.
Flexibilidade e capacidade de aprendizado serão essenciais para manter a relevância no mercado de trabalho. Na opinião de Ricardo Basaglia, diretor-executivo da consultoria britânica de recolocação profissional Michael Page, as pessoas vão ter de cinco a seis carreiras ao longo da vida no futuro.
“Costumo dizer que todo o profissional é como se fosse um aplicativo no mercado de trabalho. Então, as perguntas são: ‘Qual foi a última atualização que você teve? Vieram novas funcionalidades? Foram corrigidos bugs?’. É uma vida profissional de evolução constante.”
Ricardo Basaglia, diretor-executivo da Michael Page
Já que boa parte das atividades de trabalho será automatizada, sobrará mais tempo para as pessoas realizarem tarefas que realmente as deixam felizes. É o que pensa o futurologista britânico Ian Pearson, da Futurizon. “As pessoas poderão aprimorar a si mesmas, deixando para os computadores todas as atividades chatas”, afirma.
Pearson acredita que daqui a 15 ou 20 anos as habilidades e emoções humanas vão ser melhores aproveitadas do que hoje. “Eu acho que a automação vai resultar em empregos para as pessoas mais focados em habilidades emocionais e menos em processos automatizados”, diz.
Confira a entrevista completa com Ian Pearson no site do Estadão QR.
Se Pearson estiver certo, comportamento deve ser uma área de trabalho crucial para as profissões do futuro. Outros setores, como tecnologia, medicina e meio ambiente também devem ter importância, segundo a especialista Camila Ghattas, fundadora da plataforma multicultural Foreseekers. Confira no LinkedIn três perguntas que o Estadão QR fez à futurologista.
“Imagine a sua profissão. Agora, aplique a ela a palavra ou os conceitos digital, virtual, cyber, bio e nano. São essas as profissões do futuro!”
Camila Ghattas, fundadora da Foreseekers
O Estadão QR também fez uma seleção das principais profissões do futuro. Além de Pearson, Gatthas e Basaglia, consultamos especialistas como Rodrigo Pimenta, CEO da Hubchain Technologies, e José Paulo Molin, professor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP. Confira:
- Profissional responsável por validar ou emitir documentos contábeis para empresas, o cientista de dados blockchain tem alta demanda no mercado.
- 84% das empresas entrevistadas pela PwC em 2018 disseram que já têm algum contato com a tecnologia.
- Profissional que treina e orienta as pessoas para que alcancem um objetivo pessoal ou profissional específico.
- “Ensinar às pessoas habilidades para a vida, como se tornar melhor em alguma atividade, será muito importante em uma situação em que teremos mais tempo para aprender coisas por conta da redução de trabalhos repetitivos”, diz o futurologista britânico Ian Pearson.
- Diante do envelhecimento da população, o profissional vai orientar as pessoas sobre técnicas para tornar a terceira idade mais saudável.
- “O consultor de longevidade é quem sugere quais intervenções você pode fazer em cada fase para que lá na frente você tenha menos doenças e maior qualidade de vida”, afirma Ricardo Basaglia, diretor-executivo da consultoria Michael Page.
- Profissional especializado em combater ataques cibernéticos, roubo de dados e recuperação de informações sigilosas que foram vazadas na internet.
- “Dizem que dados são como o petróleo. Eles são extremamente importantes e as companhias já começam a ter a obrigação de proteger os dados de seus usuários”, afirma o diretor-executivo da Michael Page, Ricardo Basaglia.
- Profissional que vai pensar em implantes de nova geração e na integração das novas tecnologias ao corpo humano.
- Até 2026, cerca de 16 mil empregos devem surgir no campo de biologia sintética nos Estados Unidos, segundo o Departamento de Trabalho (EUA).
- Especialista que cria proteínas artificiais em laboratório para substituir a matéria-prima da pecuária tradicional.
- “Há a probabilidade de as carnes artificiais virarem uma bola de neve, que pode bagunçar completamente com os dois grandes pilares do agronegócio de exportação brasileiro: soja e pecuária”, diz José Paulo Molin, professor da Esalq/USP.
- Profissional responsável pela curadoria e pela supervisão dos robôs nas fazendas verticais urbanas autônomas.
- “A agricultura vertical e urbana vai concorrer com o cinturão verde das grandes cidades na produção de hortaliças do dia a dia e no abastecimento dos lares”, afirma o professor da Esalq/USP, José Paulo Molin.
- Profissional que terá como tarefa a criação de roupas ou orientação de moda para influenciadores virtuais.
- “A mão de obra será substituída pelo cérebro de obra. Mais do que profissões, precisaremos de criatividade, imaginação e espontaneidade”, diz Camila Ghattas, fundadora da Foreseekers.
- Profissional responsável por gerenciar projetos de sustentabilidade nas empresas, prevendo impactos ambientais e oferecendo soluções sustentáveis.
- Segundo pesquisa da Opinion Box, 42% dos consumidores brasileiros se preocupam com práticas sustentáveis das empresas quando compram algo.
- Profissional que vai buscar formas de alterar os genes humanos e poderá “desenhar” características de bebês antes de eles nascerem para evitar doenças.
- “Podemos estar falando de uma nova geração de super-humanos que vão evitar doenças e potencializar características. Pode envolver não só conhecimento técnico, mas ética e até novas regulações”, diz Ricardo Basaglia, diretor-executivo da Michael Page.
- Com o crescimento do uso de drones, o profissional desta área será responsável por estabelecer regras para a circulação dessas aeronaves no espaço aéreo.
- O número de drones registrados para operação no espaço aéreo brasileiro cresceu 540% de 2017 a 2019, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
- Profissional capaz de oferecer consultoria de entretenimento para as pessoas, com base em dados pessoais e algoritmos.
- “A automação vai deixar computadores fazendo as tarefas repetitivas e as pessoas vão poder focar em atividades interessantes, que eram seus hobbies, em tempo integral”, diz o futurologista britânico Ian Pearson.