A publicitária Ana Talavera, de 28 anos, trabalha como freelancer e recebe novas propostas em média a cada 15 dias. A visibilidade, segundo ela, foi conquistada pela atividade constante no LinkedIn. “Antes minha busca por trabalho era muito mais voltada a contatos e sites de emprego. Passei a observar o LinkedIn com mais atenção em 2016, quando comecei a publicar conteúdos e a melhorar meu perfil com constância”, conta.
Com cerca de 500 milhões de usuários no mundo, o LinkedIn é hoje uma importante ferramenta de trabalho. Milhares de empresas, das pequenas às grandes multinacionais, usam a rede social para recrutar funcionários — no Brasil, quase metade delas já participa da rede, de acordo com o relatório Social Media Trends 2018. Muito diferente dos currículos convencionais, a plataforma oferece uma série de recursos para que os usuários se destaquem. Muitos, no entanto, ainda não sabem como explorar esse potencial.
O estudante de Administração Caio Maróstica conseguiu seu primeiro estágio pouco tempo depois de reformular o seu currículo no LinkedIn, com a ajuda de amigos da área de Recursos Humanos. Antes disso, passou meses tentando uma vaga, mas recebia pouco retorno de recrutadores. “Acho que o mais importante foi começar a atualizar sempre o meu perfil, algo que antes eu só fazia quando estava de olho em alguma vaga específica. Às vezes eu fazia um curso e só incluía lá meses depois”, relata o aluno, estagiando há 11 meses.
Mariana Dias, de 25, também ficou muito tempo sem movimentar sua conta no LinkedIn, criada quando ela ainda estava na faculdade administração. Em 2016, quando se demitiu do emprego em que ficou por cinco anos, percebeu a importância da ferramenta. “Quando fiquei sem trabalho, fui atrás de informação sobre como me projetar na rede. Aliando isso com a bagagem de marketing digital que já tinha, consegui um emprego em dois meses.”
Uma das primeiras coisas que Mariana fez foi mudar seu título no LinkedIn, de “procurando recolocação” para um cargo mais adequado à vaga pretendida. Outro passo importante: interagir mais na rede para se fazer notar.
Segundo especialistas, produzir conteúdo é fundamental, mas a rede permite muito mais. Para conseguir destacar seu perfil entre os recrutadores, confira outras dicas de Cristiano Santos, especialista em LinkedIn e professor da ComSchool, e Bia Nóbrega, executiva de Recursos Humanos e coach.
1. Preencha totalmente seu perfil
O primeiro passo para aumentar o alcance de seu currículo é preenchê-lo totalmente. Como explica Cristiano, não se trata apenas de expor suas habilidades e experiências em um maior espaço, mas de um critério de ranqueamento dentro do site. “Perfil campeão é como o LinkedIn classifica os currículos que são preenchidos ao máximo. Há quatro níveis de graduação, que vai de iniciante a campeão. Quanto mais alto ele for, melhor vai ranquear nas buscas de empresas.” Ter um perfil completo é quase uma garantia de que você vai aparecer nos resultados de pesquisas — de acordo com dados do site, perfis campeões são 40 vezes mais propensos a receber oportunidades.
2. Utilize palavras-chave da sua área sempre que possível
Normalmente associado a sites de busca como Google e Bing, o SEO (sigla em inglês para Search Engine Optimization) pode ser igualmente aplicado no LinkedIn. Por isso, utilize palavras-chave sempre que possível. “O ranqueamento do seu currículo para os recrutadores se baseia na quantidade desses termos, por isso é importante buscar quais são as palavras mais empregadas no seu meio profissional e usá-las quando preencher o currículo”, explica Bia. Recrutadores têm acesso a uma ferramenta de busca com dezenas de filtros e detalhamentos. Por isso, seja assertivo ao descrever o que faz. “Se for um produtor de conteúdo, especifique quais formatos utiliza, se usa algum software, se edita você mesmo”, aconselha Cristiano. Um outro exemplo: se trabalha como analista de SEO, vale especificar que tem conhecimento de Google Analytics ou de outras ferramentas.
3. Capriche no resumo e escolha um título adequado ao seu interesse profissional
Resumo e título são as primeiras informações que aparecem na sua página pessoal e devem estar de acordo com seus interesses e experiência profissionais. Aqui, tente localizar quais são os termos usados pelo mercado para definir o que você faz (ou quer fazer) e elabore um título de acordo. Se isso não for feito, o site cria automaticamente um título com base no seu último emprego, o que nem sempre é desejado. Já o resumo deve ser uma espécie de carta de apresentação, que diga em até 2 mil caracteres o que você busca e qual é o seu perfil profissional.
4. Detalhe suas experiências e seus projetos, sejam eles profissionais ou acadêmicos
O campo de histórico profissional é o que mais se assemelha a um currículo convencional. Nessa seção, detalhe tudo o que considerar relevante entre empregos anteriores, formação acadêmica e trabalhos voluntários, mantendo sempre a atenção ao uso de palavras-chave. “Além de destacar termos relativos à sua área, é importante descrever suas competências técnicas, como habilidades com software e seu uso na atividade profissional”, orienta Cristiano.
5. Tenha uma boa foto
Apesar de não ser mais usada em currículos convencionais, a foto de perfil é praticamente obrigatória no LinkedIn. Os números não mentem: uma boa foto pode aumentar 21 vezes a sua chance de ser visto por outros usuários, segundo o site. “É como a sua identidade nesse espaço, que é antes de tudo uma rede social”, diz Bia. Ela salienta, entretanto, que a foto deve ser sóbria e estar adequada à sua imagem profissional – ou seja, a foto que você usa em outras redes, como WhatsApp e Facebook, pode não ser a melhor opção.
6. Personalize a sua URL
O LinkedIn oferece o recurso gratuito de criar uma URL personalizada. Isso ajuda não só no ranqueamento nos motores de busca, mas passa uma imagem mais amigável quando for compartilhá-la em outras mídias, como assinatura de e-mail ou cartão de visita. Para fazer a alteração, basta acessar o painel de edição de perfil.
7. Quando possível, mostre seu trabalho
“Quem não é visto não é lembrado”. A máxima pode ser questionada em alguns sentidos, mas aplicá-la ao seu LinkedIn pode trazer bons resultados, a depender da sua área. Afinal, por que apenas falar sobre suas experiências se você pode mostrá-las? Anexe links dentro dos campos de Experiência e Resumo – isso serve como portfólio, muito importante para áreas como design e publicidade.
8. Busque conexões e peça recomendações a elas
Trabalhe seu networking de forma inteligente. O LinkedIn é uma rede de trabalho, portanto, busque conexões que sejam interessantes ao seu objetivo profissional. Solicite recomendações para aqueles com quem tenha relação — isso aumenta a visibilidade da sua página. Segundo Cristiano, é importante que isso seja feito por pessoas com quem você tenha trabalhado próximo em algum momento. “É importante que essa recomendação fale da sua experiência de forma consistente, não só adjetivando a esmo”, esclarece o professor. Outra forma de destacar seu perfil é pedindo que esses contatos votem em suas Competências. Nessa seção, é possível listar até 50 habilidades, e seus amigos podem reconhecê-las e endossá-las. Se você está em busca do primeiro emprego e ainda não tem tantos contatos, não se preocupe. É possível solicitar recomendação para faculdade, escola, professores e colegas.
9. Seja ativo na rede e construa uma boa reputação virtual
Assim como o Facebook, o LinkedIn possui um feed de notícias em que você pode publicar, comentar e compartilhar conteúdo em até 1.300 toques. Numa rede que estimula o networking, interagir é fundamental para se fazer notar. O mais importante é não esperar passivamente que o algoritmo encontre você. Portanto, participe de grupos e siga empresas e influenciadores da sua área. Trabalhe seu marketing pessoal e construa uma reputação digital. O site também permite a criação de uma espécie de blog destinado à publicação de artigos mais longos. Ele pode ser anexado ao seu perfil e ajuda a aumentar a sua projeção.
10. Use as métricas a seu favor
O site oferece gratuitamente uma série de informações que podem ser usadas para otimizar seu alcance. Entre outras funções é possível monitorar a performance de suas publicações, o comportamento de seus seguidores e o desempenho geral de sua produção. Analisar essas métricas pode auxiliar na geração de conteúdo e potencializar sua relevância dentro da rede.
11. Tenha em mente que o LinkedIn é uma rede internacional
Se você deseja atrair a atenção de multinacionais, é fundamental ter um currículo bilíngue, em português e inglês. Além disso, destaque sua fluência no português, pois empresas brasileiras que atuam no exterior vão levar isso em conta na hora de realizar a busca. Se você não tiver essa competência clara, corre o risco de ficar de fora.