Philippe Wojazer/Reuters Pintora mexicana Frida Kahlo
Pintora Frida Kahlo e escritora nigeriana Chimamanda Ngozie Adichie estão entre os nomes relacionados ao feminismo

Feminismo e Frida batem recorde de buscas no Google no Brasil

Procura pelas duas palavras crescem desde 2015. Movimentos de mulheres nas eleições de 2018 impulsionaram pesquisas sobre o termo em outubro

O feminismo bateu recorde de popularidade em 2018. Com a ajuda das eleições nacionais, marcadas por movimentos ligados a mulheres, as pesquisas na internet sobre o tema atingiram o ápice em outubro. Buscas por essa palavra ou relacionadas ao assunto tinham um nível baixo de popularidade até 2015, quando o cenário mudou. Fato semelhante aconteceu com a procura pelo nome da pintora mexicana Frida Kahlo, principal figura feminina nas buscas associadas ao movimento.

Em levantamento feito pelo Estado com dados da plataforma Google Trends nos últimos dez anos, o aumento nas buscas pela palavra feminismo foi de 30 em 2015 para 100 em outubro de 2018, em uma escala de 0 (nenhuma popularidade) a 100 (recorde de interesses). Os índices se referem aos números registrados pela plataforma do Google até 30 de novembro — como são dinâmicos, os dados podem apresentar diferenças após essa data.

“Não tenho dúvidas de que há um interesse maior agora, mas ele é motivado por fatores como o trabalho que nós feministas fazemos o tempo todo para chamar atenção para o que acontece, além da repercussão internacional que tem despertado maior visibilidade e conscientização sobre o feminismo”, analisa a coordenadora do USP Mulheres, Eva Alterman Blay.

Entre os principais termos relacionados ao feminismo pesquisados no Google estão: “significado”, “machismo” e “femismo” (palavra criada informalmente para indicar comportamentos extremistas de mulheres). Há ainda buscas por vertentes como feminismo interseccional, liberal e marxista. Eva ressalta a existência de diferentes linhas no movimento. “Eu uso o termo feminismos, no plural. Não existe um só feminismo, mas várias formas, que têm mudado ao longo do tempo, dependendo da história, do país e da perspectiva.”

Ao acrescentar termos como: é, quando, quem, como e por que nas buscas por feminismo, o levantamento também identificou um número alto de questões sobre as origens do movimento, ao lado, entretanto, de pesquisas com caráter pejorativo, como “feminismo é mimimi” e “por que feministas não se depilam”.

Segundo a coordenadora do USP Mulheres, esse tipo de busca indica um olhar negativo que perdura sobre o movimento feminista. “Ainda há uma visão depreciativa muito forte, com uma tendência em aumentar agora, sobretudo com o medo de falar de gênero e com um temor ideológico que vem junto com o desconhecimento (sobre a causa)”, afirma Eva.

Os nomes do movimento

 

Estampa principal quando o tema é feminismo, não é surpresa que Frida Kahlo seja a primeira mulher relacionada ao tema quando analisadas as buscas pelo movimento. A pintora mexicana recebe em média 135 mil buscas mensais no Brasil, segundo o levantamento feito com dados da plataforma Google Trends.

João Abel/EstadãoBolsonaro e Frida Kahlo estampam camisas
Na Rua 25 de Março, banca vende camisa do presidente eleito Jair Bolsonaro ao lado de estampa de Frida Kahlo

Além de Frida, outras personalidades aparecem nos termos pesquisados pelos internautas no Brasil relacionados ao feminismo. Entre elas: a escritora nigeriana Chimamanda Ngozie Adichie, a filósofa estadunidense Judith Butler, a cantora norte-americana Beyoncé e a escritora francesa Simone de Beauvoir.

Para Eva, os nomes relacionadas nas buscas representam mulheres que se destacaram em algum momento por ajudar na independência feminina. “São pessoas que por ações ou por suas atividades profissionais tiveram um papel importante na autonomia da mulher, que criaram um carisma”, afirma. “Ao longo do tempo é normal surgirem representantes (do movimento).”